Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Educação
Pedagogia a distância: Anos iniciais do Ensino Fundamental (PEAD)
Faculdade de Educação
Pedagogia a distância: Anos iniciais do Ensino Fundamental (PEAD)
Aluna: Nara Souza de Oliveira
Pólo: Gravataí
Interdisciplina: ESCOLA, PROJETO PEDAGÓGICO E CURRÍCULO
Professora: LÚCIA CARRASCO
Unidade: 3
Atividade: 8
Data: 18 de outubro de 2006
A NOÇÃO DE RELAÇÃO COM O SABER:
BASES DE APOIO TEÓRICO E FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS
Bernard Charlot
BASES DE APOIO TEÓRICO E FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS
Bernard Charlot
CHARLOT, Bernard (org.) Os jovens e o saber: perspectivas mundiais. Trad. Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001, p. 15-31.
Palavras-chaves: saber,relação, aprender, mobilização,sujeito.
Palavras-chaves: saber,relação, aprender, mobilização,sujeito.
Bernard Charlot é professor de Ciências da Educação na Universidade Paris VIII.Dedica-se ao estudo das relações com o saber, principalmente a relação dos alunos de classes populares com o saber escolar. O texto tem como objetivo evidenciar as bases de apoio teórico que, à parte essa diversidade, definem a noção e sustentam essas bases de apoio em uma perspectiva antropológica.
Suas conclusões e esclarecimento a respeito da questão do aprender e a da relação com o saber, seriam:
Aprender é um movimento interior que não pode existir sem o exterior- aqui o autor afirma que é uma situação decorrente da situação antropológica e que cada um aprende por ela mesma, muito embora necessite de estímulos externos para que realmente haja a aprendizagem.
Aprender é uma construção de si que só é possível pela intervenção do outro – aqui há uma afirmação retumbante: só há educação quando ao mesmo tempo a criança se educa e o adulto a educa.
Ou seja, a criança aprende o que o adulto ensina dentro se suas conexões e compreensões internas, recebendo essas ou aquelas informações, acomodando-as em suas necessidades e aspirações, educando-se.É uma relação simbiótica em que não é possível uma sem a outra.
Toda relação com o saber é também relação consigo- o ser humano se apropria do mundo a sua volta para criar o seu aprender e assim construir a sua aprendizagem. Não há como separar o que se aprende com o valor e ao sentido com que esse aprender tem ao sujeito e também ao seu próprio valor e sentido.
Toda relação com o saber é também relação com o outro-Entenda~se outro sob três formas: o mediador,sujeito e o outro enquanto humanidade. Isto significaria que aprender é entrar na comunidade.
Toda relação com o saber é também relação com o mundo- o ser humano constrói sua história dentro da história da humanidade num momento único,mas breve. Ele é um ator da história da humanidade num ato e não no espetáculo como um todo, por isso ele jamais terá a compreensão do mundo em sua totalidade.E sendo ator e autor desta história ele se mostra ativo aos acontecimentos ao seu redor segundo seus interesses e valores.
Aprender é uma relação entre duas atividades a atividade humana que produziu aquilo que se deve aprender e a atividade na qual o sujeito que aprende se engaja – para ter garantia da aprendizagem somos sua, é necessário o envolvimento e conseqüentemente uma reação.
Toda relação com o saber é indissociavelmente singular e social
Acredito que muitos educadores, se indagaram por que alunos que receberam o mesmo tipo de informação, através das mesmas técnicas e recursos , não obtém os mesmos resultados. Porque uns se interessam mais por esta ou aquela disciplina. A questão da motivação entra nesta discussão de forma crucial. Só que esta motivação deve, obrigatoriamente, estar vinculada aos interesses desses alunos. Quando eu recebi em uma turma de quarta-série do ensino fundamental alunos de 9 a 15 anos, tive que achar uma denominador comum entre essas idades de interesses tão diferentes para que fosse possível conseguir-lhes o interesse e o gosto pela aula.Desta vez foi através das diversas formas de expressões artísticas. De repente poderia ser através da literatura ou outro interesse, mais sem ele ficaria muito difícil.
Outra questão que me chamou a atenção e é realmente triste verificar que a situação sócio- econômico dos alunos influenciam embora não seja determinem os fracassos na aprendizagem destes.É sabido que crianças oriundas de classes mais favorecidas também têm dificuldades, só que pelo fato de terem mais condições é possível delas terem outros subsídios para que consigam melhores resultados.Trabalho numa escola pública, que em um dos turnos possibilita que os alunos que necessitem de reforço escolar possam contar com mais este apoio que é voltado para qualquer criança, independente de sua condição financeira. Mas sei que têm alunos tão carentes que não podem nem vir a este reforço por falta de transporte ou outro motivo.Em contra partida há casos de alunos que dispõem de recursos para terem aulas particulares em casa, que fazem outras atividades para que possam ter seu crescimento físico e intelectual complementado.Quem terá êxito?
Outro ponto marcante no texto de Charlot é a respeito dos alunos que fora do meio escolar desempenham lugares de destaque, como no caso de meninos que tão cedo se interessam por mecânica, de crianças que pela necessidade aprendem a arte da venda e da barganha, que conseguem elaborar uma linguagem rica em rimas e efeitos como no caso da música, que se destaca em esportes dito de rua...Daí torna inevitável que nós educadores comecemos a refletir o porquê esses alunos não brilham na escola, ou será que é a escola que com sua arrogência de conteúdos pré-estabelecidos não consegue enxergar este brilho? Já cansei de ouvir histórias de escolas que não deixam seus alunos montarem uma banda, que fiscalizam de forma mutiladora a criatividade estudantil, que reprimem seus anseios. Talvez por insegurança mas creio que ainda mais por ignorância de não saber lidar com o novo, com o que não está nos livros de didática.
Não me cabe aqui crucificar a instituição escolar, mesmo porque faço parte dela, mas sei e é IMPOSSÍVEL negar que o sistema educacional deste país tem que se reestruturar, através de alicerces mais sólidos sobre as diversas competências de seus alunos e que não se sinta tão frágil quando o diferente destoar. Ter a verdadeira noção das conexões do saber, do aprender, do sujeito e do meio é de vital relevância para a formação integral do docente. Comento isto agora, por achar tão necessário tudo o que estou lendo nestes poucos dias, deste Curso que freqüento.
Por: Nara Souza de Oliveira.
No comments:
Post a Comment